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Medicina Ortomolecular

Medicina ortomolecular: como um tratamento integravito e personalizado pode transformar a sua saúde

1. Introdução

Ainda antes de Cristo, Hipócrates, considerado pai da Medicina, disse: “Antes de curar alguém, pergunte-lhe se está disposto a desistir das coisas que o fizeram adoecer.” E essa premissa combina muito bem com a prática da medicina ortomolecular, já que ela ajuda a otimizar as funções celulares vitais, colaborando, assim, na manutenção do bem-estar e qualidade de vida. E o que é viver a vida sem aproveitá-la ao seu máximo?

Antes de tudo, é necessário esclarecer que a medicina ortomolecular não é uma especialidade médica, mas sim uma abordagem médica. Tendo isso em vista, diversos especialistas podem usar essa abordagem dentro do seu consultório como base de tratamento, incluindo os médicos nutrólogos.

Quando você é um médico que opta por estudar essa abordagem, você precisa dominar as rotas bioquímicas e vias metabólicas do corpo humano, de forma a ter uma clareza maior das causas de doenças mais comuns. Dessa forma, a prática ortomolecular é uma ciência que se utiliza de nutrientes para otimizar o funcionameto do corpo humano, melhorando seu metabolismo, através da melhora de funções bioquímicas celulares.

A medicina preventiva ortomolecular tem como princípio fundamental o equilíbrio bioquímico do organismo, atuando na prevenção de doenças antes mesmo de seus primeiros sinais. Por meio da suplementação personalizada de nutrientes essenciais — como vitaminas, minerais, antioxidantes e aminoácidos — aliada às mudanças alimentares e estilo de vida, essa abordagem ajuda a reduzir a produção excessiva de radicais livres, moléculas instáveis que aceleram o envelhecimento celular e desencadeiam processos inflamatórios crônicos. Além disso, a medicina ortomolecular fortalece a imunidade, previne doenças nutricionais, como a anemia ferropriva, e pode contribuir para o manejo de condições como ansiedade e depressão, oferecendo um suporte integral à saúde física e mental em diferentes fases da vida.

No contexto da longevidade saudável, a medicina ortomolecular se destaca por otimizar as funções celulares vitais, favorecendo a manutenção do bem-estar ao longo dos anos. Ao minimizar os efeitos do estresse oxidativo e da inflamação no organismo, essa abordagem pode ajudar a prevenir doenças associadas ao envelhecimento, como artrite, catarata e até mesmo alguns tipos de cânceres. A suplementação adequada, ajustada às necessidades individuais, contribui para que o corpo funcione de maneira mais eficiente, promovendo uma vida mais longa, ativa e livre de doenças, com foco na qualidade de vida e na preservação da saúde global.

O meu objetivo com este artigo é apresentar uma visão abrangente sobre como a medicina ortomolecular, especialmente por meio das terapias injetáveis, pode transformar a saúde e promover uma longevidade saudável. Busco esclarecer como essa abordagem atua na prevenção, controle e otimização das funções bioquímicas e metabólicas do organismo, com foco na redução do estresse oxidativo, fortalecimento da imunidade e equilíbrio hormonal. Além disso, este artigo destaca a importância da suplementação personalizada e da reeducação alimentar como pilares fundamentais para proporcionar mais qualidade de vida, prevenir doenças e favorecer um envelhecimento mais saudável e ativo.

Dessa forma, o artigo pretende conscientizar o leitor sobre os benefícios dessa abordagem na promoção da saúde integral, reforçando como as terapias injetáveis e hormonais podem desempenhar um papel decisivo na melhoria do bem-estar e na longevidade com qualidade de vida. Sendo assim, convido você, leitor, a conhecer mais profundamente sobre essa temática e seus benefícios.

2. O que é medicina ortomolecular?

Em resumo, posso dizer que a medicina ortomolecular tem como origem na palavra “orto”, que quer dizer equilíbrio da molécula, então, um dos princípios é enxergar o organismo como um todo, buscando o equilíbrio global da saúde, de forma totalmente individualizada. Dessa forma, é uma ciência que utiliza-se de nutrientes para tratar ou corrigir algumas funções do corpo, como controlar doenças, prevenir ou otimizar funções bioquímicas e metabólicas a partir dela, em um contexto mais profundo.

Sendo assim, um médico que trabalha com a prática ortomolecular, precisa dominar a medicina por completo, tendo uma base clínica e farmacológica sólidas. Os remédios alopáticos / tradicionais resolvem o problema agudo e tratam os sintomas da doença, mas não resolvem a sua causa; sabemos hoje que a grande epidemia da população são as doenças crônicas (cardiovasculares, neurodegenerativas, inflamatórias, metabólicas), que acompanham o paciente por muitos anos e causam muitas perdas, tanto em qualidade, como em anos de vida.

A ideia é que, na medicina convencional, o tratamento sintomático com remédios é necessário para acabar com uma dor, por exemplo, mas é preciso pensar mais afundo, pois aliviar o sintoma não quer dizer que o problema foi resolvido, visto que esse sintoma é uma manifestação de algo está errado no organismo do paciente. Assim, o médico ortomolecular é capaz de definir as opções terapêuticas para o paciente, se será um remédio convencional ou a combinação de remédios com nutrientes.

Tendo isso em vista, é interessante pensarmos juntos a relação dessa abordagem com a bioquímica do corpo. O Dr. Efrain Olszewer, médico referência em ortomolecular, tem uma analogia didática que gosto bastante para exemplificar esse processo. Para ele, o organismo funcionando em equilíbrio é chamado de fisiologia, mas, quando a bioquímica do corpo tem problemas, ou seja, o motor que gera a energia do corpo, analogicamente, é como se o motor de um carro parasse de funcionar e, assim, o carro não anda, e a fisiologia passa a ser uma fisiopatologia. Assim, mesmo que quatro pessoas se juntassem para empurrar o carro e o motor voltasse a funcionar, o problema estaria no condicionamento. Dessa forma, a mesma coisa acontece dentro do corpo humano. Um corpo carente é um corpo que precisa de uma série de elementos para fazê-lo funcionar adequadamente.

3. Benefícios da medicina ortomolecular

Como já apresentado, a medicina ortomolecular se baseia na reposição adequada de nutrientes essenciais ao organismo para otimizar o funcionamento celular e promover o equilíbrio metabólico. Mischley (2014) apud Da Silva (2021) destaca que a eficácia dos nutrientes está diretamente relacionada à sua função antioxidante, prevenindo e tratando doenças. Quando esses nutrientes se tornam escassos, o corpo ativa mecanismos adaptativos para manter funções vitais, mas isso pode comprometer outros aspectos da saúde. Assim, a medicina ortomolecular busca corrigir esses déficits e evitar danos ao organismo.

Outro ponto fundamental dessa abordagem é o fortalecimento do sistema imunológico. A suplementação com vitaminas e minerais antioxidantes, como selênio, zinco e vitaminas C e E, contribui para a resposta imunológica, reduzindo inflamações e prevenindo infecções frequentes. Além disso, a abordagem ortomolecular pode aumentar a disposição e energia do dia a dia. Assim, Kale et al. (2015) apud Da Silva (2021) indicam que uma nutrição adequada fornece a energia necessária para o corpo por meio de macronutrientes de alta qualidade, como carboidratos, proteínas e lipídeos. Quando associados aos antioxidantes, esses nutrientes melhoram a função celular, reduzem o estresse oxidativo e proporcionam mais vitalidade e bem-estar no dia a dia.

Soma-se a isso, a prevenção de doenças crônicas como outro benefício expressivo. Almeida (2014) apud Da Silva (2021) ressalta que a suplementação antioxidante desempenha um papel crucial na redução dos danos celulares causados pelos radicais livres, prevenindo doenças como diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares. Dessa forma, a medicina ortomolecular não apenas corrige deficiências nutricionais, mas também atua como uma estratégia eficaz de longo prazo para a promoção da saúde. Além disso, essa abordagem tem impacto significativo na estética e no envelhecimento saudável, favorecendo a saúde da pele, a prevenção de rugas e a manutenção da juventude, visto que misturas de antioxidantes naturais apresentam melhor sinergia e absorção.

Por fim, a medicina ortomolecular oferece um conjunto de benefícios essenciais para a saúde, abrangendo desde a melhora do metabolismo e do sistema imunológico até a prevenção de doenças crônicas e o envelhecimento saudável. Seu enfoque na reposição de nutrientes e no combate ao estresse oxidativo torna essa abordagem uma opção eficaz para quem busca qualidade de vida e bem-estar duradouro.

4. Terapia injetável na medicina ortomolecular (soroterapia)

A palavra “soroterapia”, refere-se à reposição endovenosa de inúmeras substâncias com diferentes objetivos. Vemos muito por aí inúmeras expressões que se tornaram populares, como “Soroterapia da Beleza”, “Soroterapia da Juventude”, “Soroterapia Antioxidante”, “Soroterapia da Imunidade”, entre outras. Essa prática, em resumo, consiste na administração de inúmeras substâncias que fazem parte do arsenal da medicina ortomolecular, como vitaminas, aminoácidos, ácidos graxos, cofatores enzimáticos, oligoelementos, ativadores mitocondriais e vários outros.

E por que eu decidi escrever um artigo relacionado a esse tema? Porque, na minha prática clínica, vejo que existem grandes benefícios desta conduta, por exemplo, como em pacientes oncológicos, em vigência de tratamento com quimioterapia e radioterapia, que precisam suportar os efeitos tóxicos do tratamento. Tendo isso em vista, vamos explorar juntos algumas perspectivas da soroterapia.

A soroterapia é indicada em vários cenários clínicos, como por exemplo, em pacientes que possuem alguma dificuldade de absorção de vitaminas pelo trato gastrointestinal secundária à disbiose intestinal ou em pacientes que fizeram cirurgia bariátrica para tratamento de obesidade grave. Vamos supor que um paciente vegetariano precise tomar um comprimido de vitamina B12. Ao entrar em contato com o estômago, a cápsula precisa encontrar um pH ideal na região para ser absorvida, e se não estiver ideal, a B12 apenas vai embora pelo trato digestivo. Outro exemplo é com relação à absorção dos aminoácidos: ao comer uma proteína, o aminoácido é quebrado no estômago, se o pH estiver bom – isso se o paciente não tomar remédios como antiácidos ou tomar refrigerante durante a refeição, por exemplo, o que desregula esse pH – caso contrário, esse aminoácido não será devidamente absorvido.

Tendo isso em vista, muitas vezes, por conta de um trato digestivo doente, não é recomendável fazer essa suplementação via oral. Logo, como podemos contornar essa situação? É aí que entram outras formas de fazer essa reposição, como na forma intravenosa e intramuscular, além de também vias inalatórias, oculares, cutâneas, entre outras. Assim, não precisamos ficar presos à ideia da reposição apenas pela boca, e a soroterapia tem seu papel importante nesse momento.

Outra questão que precisamos ressaltar diz respeito aos elementos / substâncias que podemos repor via soroterapia, que são inúmeras e das mais variadas. Por isso, precisamos fazer uma anamnese bem feita desse paciente, para correlacionar sua história clínica à solicitação dos exames laboratoriais e, assim, baseado nas investigações feitas, podemos indicar as deficiências que ele apresenta e propor uma reposição endovenosa de forma individualizada.

À medida que envelhecemos, não é segredo que nosso corpo começa a produzir menos hormônios e neurotransmissores, por exemplo. No entanto, com o avanço da medicina moderna, a ciência já descobriu tratamentos para a substituição dessas deficiências, ajudando a retardar o envelhecimento e restaurando vitalidade e juventude. Assim, abaixo, indicarei alguns tipos de soroterapias e suas indicações.

Primeiramente, temos os soros para reposição vitamínica por via endovenosa, que é utilizada para corrigir deficiências nutricionais que podem comprometer o funcionamento metabólico e imunológico do organismo. Entre os principais componentes utilizados estão a vitamina C – potente antioxidante, essencial para a síntese de colágeno, fortalecimento do sistema imunológico e combate ao estresse oxidativo – e o complexo B – que inclui vitaminas como B1, B6 e B12, fundamentais para a produção de energia, funcionamento neurológico e metabolismo celular.
Também é possível aplicar os soros para desintoxicação. Isso porque a exposição às toxinas ambientais, metais pesados e radicais livres pode comprometer a saúde celular e favorecer o envelhecimento precoce. Dessa forma, a soroterapia com substâncias detoxificantes auxilia na eliminação dessas toxinas. Temos como um dos principais agentes utilizados a Glutationa, que promove a neutralização de radicais livres, protege o fígado contra toxinas e auxilia na desintoxicação de metais pesados.

Soma-se a isso também os soros antioxidantes e anti-inflamatórios. O estresse oxidativo e a inflamação crônica são fatores que contribuem para diversas doenças degenerativas. A soroterapia antioxidante e anti-inflamatória utiliza nutrientes que ajudam a modular essas condições, como o ácido alfa-lipóico, resveratrol e curcumina.

Sabemos, também, que a manutenção da função imunológica é essencial para a prevenção de infecções e doenças autoimunes, para isso, temos os soros para imunidade e revitalização celular, com compostos minerais como o zinco e o selênio. Além disso, temos a soroterapia para estética e rejuvenescimento, muito popular no momento e amplamente utilizada para promover a regeneração celular e melhorar a qualidade da pele, cabelo e unhas, a partir de substâncias como biotina e colágeno hidrolisado.

Portanto, a soroterapia pode potencializar resultados na saúde, através da reposição rápida e efetiva de nutrientes essenciais, com a regulação do metabolismo e desintoxicação do organismo e com o impacto positivo na performance física e mental.

5. Considerações Finais

Ao concluir este artigo, é evidente que a medicina ortomolecular, por meio das terapias injetáveis, oferece abordagens promissoras para a promoção da saúde e bem-estar. A administração intravenosa de nutrientes essenciais permite uma reposição eficaz de vitaminas, minerais e antioxidantes, corrigindo deficiências nutricionais e potencializando funções metabólicas e imunológicas. Além disso, a terapia hormonal adequada pode restaurar equilíbrios endócrinos e hormonais, aliviando sintomas associados ao envelhecimento e melhorando a qualidade de vida.

No entanto, é crucial enfatizar que essas terapias devem ser conduzidas com rigor científico e responsabilidade médica. A individualização do tratamento, baseada em avaliações clínicas detalhadas e exames laboratoriais precisos, é fundamental para garantir a segurança e a eficácia das intervenções, pois o uso indiscriminado ou sem supervisão profissional pode acarretar riscos significativos à saúde, como hipervitaminose ou desequilíbrios hormonais.

Portanto, a integração da terapia ortomolecular na prática clínica deve ser pautada pela ética, evidências científicas sólidas e um compromisso genuíno com o bem-estar do paciente. Somente assim, será possível aproveitar os benefícios dessa abordagem, minimizando potenciais riscos e promovendo uma saúde integral e sustentável, assim, atendendo à premissa de Hipócrates, pai da Medicina.

REFERÊNCIAS
Almeida, I.M.C. Segurança e biodisponibilidade de suplementos alimentares. Tese de Doutorado. Universidade do Porto. Portugal. 2014, 119 p.

Da Silva, L. C. Terapêutica antioxidante ortomolecular como estratégia para uma saúde equilibrada / Orthomolecular antioxidant therapy as a strategy for balanced health. Brazilian Journal of Health Review, [S. l.], v. 4, n. 4, p. 16370–16392, 2021. DOI: 10.34119/bjhrv4n4-155. Disponível em: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJHR/article/view/33865. Acesso em: 6 mar. 2025.

Kale, M.A; BINDU, S.M; KHADKIKAR, P. Role of Antioxidants and Nutrition in Oxidative Stress: A Review. International Journal of Applied Pharmaceutics, v. 7, n. 1, p. 1-4, 2015.

Mischley, L.K. Conditionally Essential Nutrients: The State of the Science. Journal of Food and Nutrition, v. 1, p. 1-4, 2014.

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